Desde que me entendo por gente, a moda parecia ser um universo que não me abraçava completamente. Sempre existiram “regras” que diziam o que eu poderia ou não vestir: “Isso vai te achatar”, “Não use roupas justas”, “Escolha algo mais discreto”. Ser baixinha/plus size/cadeirante nunca foi apenas uma característica física; parecia ser uma limitação imposta pelo mundo da moda, como se eu precisasse me moldar para caber em padrões que nunca me representaram.
Por muito tempo, eu me escondi atrás dessas “normas”, tentando encontrar segurança em peças que não refletiam quem eu realmente era. Mas, com o tempo, percebi que a moda não deveria ser sobre me encaixar, mas sobre me expressar. Foi um processo de redescoberta, um caminho nem sempre fácil, mas incrivelmente libertador.
Hoje, quero compartilhar com você as lições mais valiosas que aprendi ao longo dessa jornada. Quero mostrar como venci inseguranças, quebrei regras que não faziam sentido e usei a moda como uma ferramenta para me reconectar comigo mesma. Espero que, ao ler este artigo, você se inspire a fazer o mesmo: usar o estilo para contar a sua história e expressar quem você realmente é. Vamos começar?
Minha relação inicial com a moda
Por muito tempo, a moda foi algo que me causava mais frustração do que alegria. Quando criança, lembro-me de como era difícil encontrar roupas que realmente me servissem. Eu via minhas amigas usando vestidos e calças que pareciam feitas sob medida para elas, enquanto eu era obrigada a encarar a seção infantil ou ajustar peças que pareciam nunca cair bem no meu corpo. Ser baixinha/plus size/cadeirante parecia, desde cedo, um obstáculo para algo que deveria ser simples e divertido: vestir-se.
Na adolescência, as coisas ficaram ainda mais complicadas. As tendências que surgiam – calças skinny, croppeds, vestidos justos – pareciam feitas para corpos que não eram como o meu. Sempre ouvia comentários que, mesmo sem intenção, me marcavam profundamente: “Isso te deixa achatada”, “Escolhe algo mais discreto, vai chamar atenção demais”, ou o famoso “Não tem na sua numeração”. Cada ida ao shopping era um lembrete de que eu era “fora do padrão”.
Além das roupas, havia também o peso do olhar externo. Eu sentia que as pessoas estavam sempre avaliando minhas escolhas, como se vestir-se fosse um teste que eu nunca conseguia passar. Passei anos tentando me moldar às regras impostas pela moda e pela sociedade. Escolhia peças que escondiam meu corpo e evitava qualquer coisa que pudesse me destacar. A moda, que deveria ser uma forma de expressão, tornou-se algo que eu usava para me esconder.
Essas dificuldades afetaram profundamente minha visão da moda. Para mim, ela não era sobre criatividade ou identidade, mas sobre conformidade. Eu acreditava que precisava seguir um manual invisível para ser aceita, e isso fazia com que cada peça de roupa carregasse uma carga emocional.
Por muito tempo, a moda foi ansiedade, não prazer. Era algo que me fazia duvidar do meu valor e me sentir inadequada. Mas, em algum momento, percebi que o problema não era eu ou meu corpo. O problema era a forma como nos ensinaram a enxergar a moda – como uma ferramenta para se encaixar, e não para se expressar. Essa percepção foi o primeiro passo para transformar minha relação com as roupas e, mais importante, comigo mesma.
O momento da virada e como comecei a me reconectar com a moda
Por anos, a moda parecia ser um território proibido para mim. Eu me limitava às “regras” que diziam o que eu podia ou não vestir, e essas regras, muitas vezes, vinham de vozes externas ou da minha própria insegurança. Mas houve um momento, quase como um estalo, que mudou tudo.
Lembro-me de estar em frente ao espelho, segurando um vestido estampado que havia comprado por impulso. Ele era justo, colorido e nada parecido com as peças que eu costumava usar. Por dentro, eu estava dividida: uma parte de mim dizia que eu deveria devolvê-lo, que ele não era “feito para o meu tipo de corpo”. A outra parte, mais silenciosa, sussurrava que talvez, só talvez, eu devesse experimentá-lo. Naquele dia, decidi ouvir essa voz.
Quando me olhei no espelho, algo mudou. Pela primeira vez, não vi um corpo que precisava se esconder, mas alguém que merecia se sentir bonita e confiante. Aquele vestido não era só uma peça de roupa; ele era um símbolo de liberdade. Foi o primeiro passo para abandonar as regras que eu tanto temia seguir.
Outro ponto de virada foi quando comecei a buscar representatividade. Descobri mulheres incríveis no Instagram que compartilhavam suas jornadas com a moda sendo baixinhas, plus size ou cadeirantes. Elas não só vestiam peças ousadas e estilosas, mas faziam isso com uma segurança que me inspirava profundamente. Foi libertador perceber que havia espaço para corpos como o meu na moda e que as “regras” que eu seguia não passavam de construções sociais ultrapassadas.
Além das influenciadoras, amizades também desempenharam um papel importante. Uma amiga próxima, que sempre usava o que queria sem se preocupar com o que os outros pensavam, me encorajou a sair da minha zona de conforto. “A moda é sobre você, não sobre eles”, ela me disse uma vez, e essa frase ficou comigo.
Aos poucos, comecei a experimentar. Tentei estampas que antes evitava, apostei em roupas ajustadas e até mesmo em peças que eu achava “ousadas demais”. Cada escolha me fazia sentir mais conectada comigo mesma. Foi um processo de redescoberta – e, acima de tudo, de aceitação. Hoje, vejo a moda não como um desafio, mas como uma extensão da minha personalidade. E tudo começou com aquele vestido estampado.
Lições que levo comigo e aprendi com a moda
A minha jornada com a moda foi cheia de descobertas que mudaram completamente a forma como me relaciono com roupas, espelhos e, principalmente, comigo mesma. Cada experiência trouxe um aprendizado valioso, e hoje quero compartilhar as principais lições que levo comigo. Espero que elas te inspirem a olhar para o seu guarda-roupa (e para você mesma) de uma forma nova e libertadora.
A moda não tem regras fixas
Por muito tempo, vivi presa a “regras” que me diziam o que eu podia ou não vestir. Ouvi que listras horizontais “engordam”, que roupas justas “não são para mim” ou que eu deveria evitar cores vibrantes para “não chamar atenção”. Mas, um dia, decidi testar essas regras – e descobri que elas não faziam sentido algum.
Hoje, uso listras horizontais sem medo, sabendo que o que importa é como eu me sinto. Aposto em looks monocromáticos que criam uma ilusão de altura e me fazem sentir elegante. A moda não é sobre seguir normas impostas; é sobre usar aquilo que faz você se sentir confiante e feliz.
O caimento é mais importante que o tamanho
Por muito tempo, eu me preocupava mais com o número na etiqueta do que com o caimento da roupa. Mas a verdade é que o tamanho é apenas uma referência, não um limitador.
Aprendi que ajustar roupas em uma costureira pode transformar completamente a forma como uma peça fica no corpo. Uma calça que parecia “errada” na loja pode se tornar perfeita com a barra ajustada ou a cintura levemente alterada. Hoje, não penso duas vezes antes de levar peças para a costureira, porque o caimento certo faz toda a diferença – e me faz sentir incrível.
Representatividade importa
Foi libertador descobrir mulheres baixinhas, plus size e cadeirantes arrasando na moda. Quando comecei a seguir influenciadoras com corpos parecidos com o meu, percebi que eu também podia usar peças ousadas, estampas vibrantes e cortes diferentes.
A representatividade me mostrou que a moda é para todos os corpos. Ver mulheres que se pareciam comigo usando roupas incríveis me deu coragem para experimentar coisas novas e me reconectar com meu estilo. É poderoso saber que você não está sozinha.
Conforto e estilo podem andar juntos
Por muito tempo, achei que precisava escolher entre estar confortável ou estilosa. Mas essa ideia está longe da verdade. Descobri marcas e peças que abraçam meu corpo com delicadeza e me fazem sentir bonita sem abrir mão do conforto.
Calças de cintura alta que não apertam, blusas ajustadas que valorizam sem sufocar e vestidos que me dão liberdade de movimento – tudo isso provou que posso ter o melhor dos dois mundos. Conforto e estilo caminham de mãos dadas, e eu não abro mão de nenhum dos dois.
Essas lições me ensinaram que a moda é muito mais do que tendências ou padrões. Ela é uma ferramenta poderosa de expressão e autoconfiança. E, se tem algo que aprendi, é que cada pessoa merece se sentir incrível em sua própria pele – e em suas próprias roupas.
Como me sinto hoje em relação à moda
Minha relação com a moda passou por uma verdadeira transformação. O que antes era um campo minado de inseguranças e “regras” que eu sentia que precisava seguir, hoje é um espaço de liberdade, expressão e autoconfiança. Aprendi a enxergar a moda como uma extensão da minha personalidade, uma forma de contar a minha história e de mostrar ao mundo quem eu sou – sem medo de ousar, errar ou reinventar.
Antes, eu vestia o que achava que agradaria aos outros ou o que me ajudaria a me “esconder”. Hoje, escolho peças que me fazem sentir bem comigo mesma, independentemente do que alguém possa pensar. Vestir aquela roupa que eu temia usar – seja um vestido justo, uma estampa vibrante ou uma saia curta – foi um momento de vitória pessoal. Foi como se eu me libertasse de uma prisão invisível. Percebi que o que realmente importa é como eu me sinto, não como os outros me veem.
Um dos momentos de maior orgulho foi quando comecei a receber elogios inesperados, não só pelas roupas que escolhia, mas pela confiança que eu transparecia ao usá-las. Isso me mostrou que a moda vai muito além das peças; ela tem tudo a ver com a energia que você transmite.
Hoje, me sinto livre para experimentar. Sei que a moda não precisa ser perfeita, mas, sim, autêntica. Não tenho mais medo de me destacar ou de errar – pelo contrário, vejo isso como parte do processo criativo. Minha jornada com a moda me ensinou que ela é uma aliada, e não uma adversária. Agora, cada peça que escolho é um lembrete de que sou suficiente exatamente como sou, e que a moda é minha ferramenta para celebrar isso.
Prazer, Rose Dantas
Espero que minha jornada possa ter inspirado você, a moda me ensinou muita coisa na vida e me ajudou a me aceitar como sou e me sentir bem comigo mesmo. E você tem uma história para compartilhar? Me conta aqui embaixo